CIÚME POLÍTICO
O ciúme no meio político é um sentimento mais presente do que muitos imaginam. Ele costuma surgir quando determinado agente político enxerga no outro uma ameaça, ainda que inexistente, apenas por perceber carisma, crescimento ou boa aceitação popular. Esse tipo de comportamento, ao invés de fortalecer alianças e estratégias coletivas, gera um ambiente de tensão e desconfiança que mina o trabalho em equipe e desgasta relações importantes. O ciúme, nesse contexto, se transforma em obstáculo para o progresso.
Infelizmente, esse sentimento acaba criando situações de grande desconforto, onde insinuações, fofocas ou até atitudes mesquinhas tomam o lugar do diálogo. A pessoa que sente ciúme passa a agir de forma impulsiva e até hostil, prejudicando não apenas o político alvo da insegurança, mas o próprio andamento de ações que poderiam beneficiar a população. O foco deixa de ser o interesse público e passa a ser a disputa de ego — algo extremamente nocivo para qualquer projeto político sério.
Mais grave ainda é quando esse ciúme atinge pessoas que nada têm a ver com disputas ou pretensões políticas. Pessoas que estão ali para colaborar, somar ou simplesmente conviver são injustamente vistas como ameaça. Isso abre espaço para mal-entendidos, rupturas e uma tristeza desnecessária, sobretudo porque a intenção dessas pessoas nunca foi tomar lugar algum, muito menos causar o mal. O ciumento, movido por insegurança, cria uma realidade distorcida e age de forma equivocada.
É preciso maturidade e equilíbrio emocional no meio político. Reconhecer o valor do outro, respeitar espaços e entender que o sucesso de alguém não anula o de outro é essencial para construir uma trajetória sólida. O ciúme, se não controlado, além de isolar quem o sente, ainda pode arruinar boas alianças e desmotivar quem está por perto de forma genuína. E o mais preocupante: pode atrapalhar projetos que realmente fariam a diferença na vida das pessoas.
Sandra Kauffmann
Foto: Fandon