GRIPE: CICLO DE INFECÇÃO, COMPLICAÇÕES E VACINAÇÃO
A gripe é uma infecção do sistema respiratório causada pelo vírus influenza. É uma das infecções mais frequentes em todo o mundo e se espalha com facilidade³, embora a maioria das pessoas consiga se recuperar por conta própria após uma semana de sintomas.
Transmissão: Segundo a Dra. Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o vírus influenza causa doença respiratória que pode afetar, em especial, o trato respiratório superior. A transmissão geralmente acontece quando uma pessoa infectada, por meio da tosse ou espirro, espalha no ar, gotículas que contêm o vírus e entram em contato com as mucosas (boca, olhos e nariz) de outra pessoa.
Além disso, também é possível se infectar por meio do contato com superfícies contaminadas com o vírus. “Ele consegue sobreviver em algumas superfícies por horas, inclusive na mão, caso não sejam higienizadas. É muito importante que a pessoa infectada, e mesmo aquela que não queira se contaminar, tenha o hábito de higienizar não só o ambiente, mas principalmente as mãos”, explica a médica.
Replicação viral: “O vírus entra nas nossas mucosas, e tem uma proteína na superfície do vírus, que é a hemaglutinina, que se liga a alguns receptores que estão na superfície das nossas células, que a gente chama de receptores do ácido siálico. Então, ele entra através desses receptores nas nossas células do trato respiratório e usa as nossas células para poder se replicar e fazer com que o seu material genético consiga, inclusive, contaminar outras células vizinhas, causando a doença. E também essa replicação viral faz com que você consiga transmitir o vírus para outras pessoas”.
Período de incubação: O período de incubação – ou seja, tempo entre se infectar e começar a ter sintomas – é muito curto no caso da gripe, segundo a Dra. Rosana. “Nós estamos falando de um período de um a quatro dias, e às vezes você tem o contato um dia, e no dia seguinte você já pode começar com os sintomas, e isso é muito importante por causa de contaminação e disseminação. Às vezes, pessoas mesmo antes de começar a ter o quadro clínico, por ter essa replicação viral, já estão transmitindo [a doença]”, alerta.
Sintomas: A partir desse mecanismo de proliferação do vírus no trato respiratório superior, o corpo gera uma resposta inflamatória que resulta em sintomas como congestão nasal, tosse, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar e principalmente febre, que em geral aparece de maneira abrupta. “O que chama muito a atenção no vírus influenza, do ponto de vista clínico, é que ele habitualmente [causa um quadro que se] inicia com febre alta⁵. Agora que vai chegar a época do outono-inverno, uma pessoa que começa com o quadro clínico de moleza no corpo e principalmente início abrupto de febre, nós temos que pensar na possibilidade de influenza e já tomar as medidas, tanto de terapêutica quanto de isolamento, próprias para o vírus”, diz a infectologista.
Tempo de transmissibilidade: O tempo em que uma pessoa infectada transmite o vírus varia entre adultos e crianças. “No adulto, o tempo de transmissibilidade do vírus influenza ocorre, em geral, nos primeiros 3 dias da doença. Já o vírus pode ser detectado entre 5 e 7 dias.⁶ Na criança, esse tempo é um pouco prolongado, então, em geral, a gente acaba deixando a criança em condições de isolamento por um período um pouco maior, de até dez dias”, diz ela.
Importância da vacinação contra a gripe: O melhor método de prevenção contra a gripe é a vacinação. “A vacina da rede pública e privada contém três tipos de cepas, dois influenza A e um influenza B, por isso que a gente chama ela de trivalente, e são vacinas que são feitas a partir de laboratórios sentinelas que informam a Organização Mundial de Saúde quais vírus circularam no momento para compor a vacina. Essa vacina é atualizada todo ano, daí a necessidade de nos vacinarmos uma vez por ano”³, explica a Dra. Rosana. A médica esclarece ainda que a proteção da vacina dura em torno de seis meses, o que coincide com o período em que o vírus tem maior circulação. Porém, uma pessoa que viaja do Hemisfério Sul, onde está o Brasil, para o Hemisfério Norte, em uma outra época em que haja maior circulação de influenza por lá, pode, eventualmente, tomar uma segunda dose para estar protegida antes de viajar. “De uma maneira geral, as populações de maior risco devem ser vacinadas anualmente, mas eu diria que praticamente todos nós devemos, independente do risco, atualizar a nossa vacinação anual”³, completa.
Fonte: Portal Drauzio Varella