Notícia

INSENSATEZ
Jornal Tribuna de Leme | 24/11/2024

INSENSATEZ

A insensatez de certas autoridades ao presumirem que são as únicas capazes de defender os interesses de indivíduos tidos como “espertos” reflete uma compreensão limitada da sociedade e do papel das instituições. Essa postura frequentemente implica a proteção de grupos privilegiados, que se aproveitam de brechas legais ou do sistema para obter vantagens. Quando essas autoridades se colocam como guardiãs exclusivas desses interesses, elas ignoram o dever mais amplo de servir à coletividade e garantem, em vez disso, um cenário de desigualdade que compromete a confiança no Estado como um todo.

Esse tipo de abordagem tende a provocar um efeito corrosivo na percepção da população em relação à legitimidade dessas instituições. Ao priorizar interesses de uma minoria, ainda que justificados por argumentos técnicos ou legais, essas autoridades afastam-se de valores como justiça e equidade, pilares de qualquer democracia saudável. O cidadão comum, que muitas vezes depende dessas instituições para proteger seus direitos básicos, sente-se abandonado e desamparado, levando a um aumento da descrença no sistema e a um sentimento de alienação em relação à política e ao governo.

Além disso, tal insensatez pode reforçar a ideia de que as leis e regulamentos existem apenas para proteger os “espertos” que sabem como manipulá-los. Isso cria um ciclo vicioso: enquanto uma parcela da população se sente acima das regras, outra se vê presa a um sistema que parece favorecer os que têm mais recursos ou influência. Essa dinâmica amplia o fosso social, estimula a desconfiança mútua e pode levar à apatia cívica ou, em casos extremos, a manifestações de revolta contra as instituições.

Para superar esse desafio, é essencial que as autoridades adotem uma postura equilibrada, demonstrando que estão comprometidas em proteger os direitos de todos, sem exceções ou favorecimentos. Transparência, imparcialidade e a promoção de uma justiça efetiva são caminhos para reconstruir a confiança da população e fortalecer a coesão social. Somente quando as autoridades entenderem que sua legitimidade deriva de um serviço equitativo à sociedade, poderão começar a reparar os danos causados por posturas que priorizam os “espertos” em detrimento da maioria. Lamentamos...

Sandra Kauffmann