TRANSTORNOS DO CONTROLE DE IMPULSOS: QUAIS SÃO E COMO TRATAR?
Os transtornos de controle do impulso são condições psiquiátricas que se caracterizam pela dificuldade de autocontrole. Portanto, geralmente, a pessoa não consegue resistir aos impulsos e desejos. Por conta disso, pode ter comportamentos inadequados que prejudicam a sua rotina e a de todos ao seu redor.
“Os transtornos de controle do impulso são classificados como uma forma de patologia mental, na qual o indivíduo tem a incapacidade a resistir a determinada ação. Esse quadro se manifesta de diversas formas, uma vez que a impulsividade tem característica heterogênea. Pode ser devido a uma desinibição cognitiva, por conta da personalidade ou hereditariedade. Além de ser influenciado pela aceleração de pensamentos e ao ambiente em que ele está inserido”, explica a Dra. Carolina Hanna, psiquiatra do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A especialista destaca que estes transtornos podem estar associados a outras condições psiquiátricas, como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. E também se agrava com o uso de drogas e bebidas alcoólicas.
Entre os principais tipos de transtornos de controle do impulso estão:
- Transtorno Opositor Desafiador: É uma condição comportamental que ocorre na infância e provoca episódios de desobediência e hostilidade. Geralmente, as crianças ou adolescentes são desobedientes, desafiadores e agressivos de forma excessiva. É comum que suas atitudes sejam impensadas, que eles busquem aborrecer sem motivos e agridam verbalmente familiares. Além disso, responsabilizam os outros por seus erros ou mau comportamento e sentem dificuldades para fazer amizades.
- Transtorno Explosivo Intermitente: Ocorrem episódios recorrentes de explosões verbais ou comportamentos agressivos desproporcionais à situação. Geralmente, a pessoa perde o controle e passa a agredir verbalmente, atacar fisicamente e até destruir objetos. Antes da crise, o indivíduo fica bastante tenso e irritado. Vale destacar que essas explosões de raiva não são planejadas e ocorrem de forma impulsiva.
- Cleptomania: Trata-se da incapacidade de resistir ao impulso de roubar objetos sem motivo aparente. Geralmente, os itens são de pouco valor financeiro e o roubo não é motivado por raiva, vingança ou pela necessidade do objeto. Após a ação, a pessoa tem uma sensação de alívio ou bem-estar, mas também pode sentir remorso, culpa ou vergonha.
- Transtorno de Conduta: É comum se manifestar na infância ou adolescência e provoca comportamentos persistentes de violação das normas sociais e dos direitos das pessoas. O indivíduo costuma ter comportamentos agressivos, machucar pessoas ou animais, destruir objetos ou propriedades alheias, cometer furtos e violar regras sociais. Trata-se de um padrão persistente e repetitivo de comportamentos antissociais. Geralmente, quem sofre com o transtorno não apresenta empatia ou remorso pelas ações realizadas. Muitos não se sentem responsáveis pelos comportamentos prejudiciais aos outros.
- Piromania: É um transtorno psiquiátrico caracterizado pelo impulso recorrente de iniciar incêndios. As pessoas com piromania sentem-se bastante excitadas e ansiosas antes de iniciar o fogo e aliviadas ao observar ou participar do incêndio. Vale destacar que não provocam incêndios por vingança e, geralmente, há ausência de motivação externa para cometer o ato.
Diagnóstico e tratamento dos transtornos de controle do impulso: Na maioria das vezes, o diagnóstico dos transtornos de controle do impulso é clínico, ou seja, o profissional de saúde analisa os sintomas, a frequência dos comportamentos e os sentimentos provocados por essas ações e define qual é o transtorno. Geralmente, a avaliação é baseada em critérios clínicos estabelecidos em manuais diagnósticos, como o DSM-5. Trata-se do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que está na 5ª. edição, e foi elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria para definir o diagnóstico de transtornos mentais.
O tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, contar com diversos profissionais como psicoterapeutas, psiquiatras, clínicos gerais e terapeutas ocupacionais.
O profissional da saúde indica algum medicamento para controlar a impulsividade e sintomas como a ansiedade. Já com a psicoterapia é possível entender melhor quais são os gatilhos que levam a comportamentos disfuncionais e ajudar o indivíduo a entender os seus sentimentos e como controlá-los. Além disso, o profissional pode fornecer orientações a familiares e amigos sobre a condição e indicar mudanças na rotina.
“Os transtornos afetam principalmente as relações sociais e as consequências podem ser graves, como prisões e multas. As pessoas podem ter dificuldades para se relacionar ou colocar sua vida em risco. É comum que se afastem de amigos e familiares. Portanto, o tratamento adequado melhora a qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza a Dra. Christiane Ribeiro, psiquiatra e membro da ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria.
Fonte: Portal Drauzio Varella